Estamos na era dos dados no varejo. Seu negócio também?

Estamos na era dos dados no varejo. Seu negócio também?

Marcos Coque (foto), da Boa Vista, explica as vantagens que empresários e gestores têm ao conhecer os compradores, disponibilizar melhores experiências e ofertas mais relevantes nos pontos de venda

Em seu discurso para o público, muitas empresas se autodeclaram como tecnológicas, mas de acordo com a Harvard Business Review, apenas 5% das empresas de varejo se qualificam como orientadas por dados.

O mesmo material aponta que empresas que tomam decisões baseadas em dados têm maior chance de sucesso. À frente das tendências, a análise de dados de clientes no varejo tem a capacidade de antecipar futuras demandas do consumidor, preferências de canal, estratégias de relacionamento e também precificação.

Com dados atualizados, métricas e informações mais específicas, os varejistas conseguem promover os produtos certos para cada perfil de comprador e, assim, impulsionar as conversões em compras.

Durante a última edição da Retail Conference, promovida na semana passada pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), Marcos Coque, diretor de Analytics da Boa Vista Serviços, reforçou que ser omnichannel exige mais do que ter apenas de uma página na web e um perfil nas redes sociais.

Um e-commerce bem-sucedido, na opinião do especialista, demanda uma postura ativa baseada em conhecimento que possibilite entender melhor o ambiente atual e agir rapidamente. Ao longo do tempo, varejistas acumulam um grande volume de dados sobre seus clientes. Quando analisado, esse material revela seus hábitos recorrentes e sazonais, produtos preferidos, formas de pagamento mais escolhidas, ticket médio.

"Há muito dinheiro escondido nesses dados, mas o comércio precisa se perguntar como usá-los para criar uma vantagem competitiva", diz.

Em primeiro lugar, ele cita a necessidade de mudanças nos processos decisórios das organizações - mais do que adquirir tecnologia, é preciso uma mudança cultural. Em seguida, ter uma ferramenta de análise de dados que possa combinar e analisar informações de diferentes origens, on-line e off-line, permite uma abordagem mais moderna da gestão e melhor entendimento sobre quem são os clientes-alvo e como dirigir ofertas personalizadas.

Em entrevista ao Diário do Comércio, Coque exemplifica possíveis aplicações para os negócios de varejo. Para ele, uma das maiores dificuldades das empresas é o desconhecimento do que é a ciência de dados, o que exige trabalho e mudança cultural. Veja mais:

DC - Por que o varejo precisa estar mais orientado aos dados?

Marcos Coque - Os dados são importantes para conhecer o comportamento e necessidades dos clientes, e dessa forma permitem trabalhar ofertas mais assertivas a essas necessidades. Com base nesse conhecimento, advindo dos dados, podemos aumentar a rentabilidade de cada negócio e definir melhores estratégias de crescimento.

O uso da inteligência de dados é indispensável para qualquer empresa?

Acredito que sim. O varejista não pode traçar estratégias baseadas em suposições ou percepções. Nos dados temos a verdade sobre a empresa, sem qualquer viés de opinião ou 'achismo', portanto extrair a inteligência dos dados passa a ser essencial para uma definição adequado de planos e estratégias de negócios.

Por que esse recurso demora a chegar no cotidiano das empresas? E quanto às pequenas?

A demora acontece por ser um tema muito recente no Brasil e pela falta de conhecimento das possibilidades que a utilização dos dados traz para os negócios. Isso vale tanto para empresas grandes quanto para pequenas, e de todos os segmentos.

Poderia dar exemplos práticos dos benefícios dessa utilização no varejo?

Com base nos dados e outros indicadores - econômicos e financeiros -, a empresa tem maior clareza para identificar eventuais problemas e listar eventuais soluções. Além disso, há o desenvolvimento de ofertas personalizadas ao perfil de cada cliente, previsão de cancelamento de serviços para tomadas de ações preventivas, definição de melhor localização para abertura de lojas, previsão de inadimplência e recuperação de crédito.

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